quinta-feira, 4 de março de 2010

Deseuforia.

A gente morre assim
Um pouquinho cada dia
Do nosso jeitinho
A gente só sabe gritar sim
Para qualquer carinho
Ou para um amor que nos feria
Já não olho o relógio
E só tenho vinte e algos
Ainda que quase não me dei conta
Os meus planos já estao afónicos
Agora é trabalho, é a conta no banco
É o saldo positivo
Gracas a Deus
- e a mim –
Mas que não me diz muita coisa
Nada é mais tão legal
Nada diverte tanto
Tanta coisa – e gente - mudou para pior
O corpo já não é igual
O cansaço não parece meu
- nem dos meus -
A saúde parece que vai mal
E muitas pessoas me dizem adeus
Minhas frases já não levam pontuação
Cada um que nao entenda como quiser
Já não tem bem entender
Nem bom humor
Sabe lá o que é bem-me-quer
Quem nunca esqueceu de crescer
Mas enquanto isso
Eu deixei de correr
Parece que puxei mais ao meu pai
- sabendo que ele já correu muito -
Engatei um freio de mão urgente
Antes de colidir com o que seja
Talvez por medo
Talvez a genética
Talvez por tantos talvez
A gente já saiu de catálogo
Empoeiramos na estante
E desde muito tempo
Desde quando ainda era menino
Eu sempre quis fazer um poema em vão
Um princípio de soneto às avessas.
Um poema a fundo perdido
Anacrônico.

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